domingo, 23 de janeiro de 2011

*CNBB e Vaticano II-1965


CNBB pediu a Vaticano para rever celibato

Localizadas no Arquivo Secreto do Vaticano propostas de bispos brasileiros ao Concílio Vaticano II, em 1965, que foram censuradas: ordenação de homens casados e controle de natalidade.

O Arquivo Secreto do Vaticano mantém, em duas pastas guardadas a sete chaves, cópias das propostas feitas por bispos brasileiros sobre o celibato dos padres e o controle de natalidade, na última sessão do Concílio Ecumênico Vaticano II, em 1965. Os textos não foram transcritos nas atas da reunião, como seria de praxe, porque o papa Paulo VI proibiu a discussão dos temas. Acreditava-se que os documentos tivessem sumido, conforme observou o teólogo e historiador padre José Oscar Beozzo no livro A Igreja do Brasil no Concílio Vaticano II (Editora Paulinas, 2005).

"Estranhamente, as intervenções depositadas no Secretariado do Concílio não deixaram nenhum traço nas atas conciliares, desaparecendo do registro histórico, como se nunca tivessem existido", escreveu Beozzo, depois de relatar a iniciativa de d. Pedro Paulo Koop, bispo de Lins (SP), e de d. Francisco Austregésilo de Mesquita, bispo de Afogados da Ingazeira (PE), de propor a ordenação sacerdotal de homens casados para suprir a falta de padres no Brasil. Os dois bispos tinham o aval da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e de boa parte dos 243 participantes brasileiros do Concílio.

Foi o próprio padre Beozzo quem descobriu, em investigações posteriores, que os textos das propostas estão preservados no Arquivo Secreto. A proposta sobre a ordenação de homens casados está conservada na pasta de número 529, intitulada Comissione di Coordinamento - De coelibatu ecclesiastico (Comissão de Coordenação - Sobre o celibato eclesiástico), 1965-1966, fascículos 1-6. A intervenção sobre controle de natalidade está arquivada na pasta de número 528, fascículos 1-4, com o título Comissione di Coordinamento - De ecclesia in mundo huius temporis - De matrimonio (Comissão de Coordenação - A Igreja no mundo do tempo atual - Sobre o matrimônio).

O texto do bispo de Lins que pedia a ordenação de homens casados (que não é o casamento de padres celibatários) vazou para a imprensa e, ao ser publicado pelo jornal Le Monde, em 12 de outubro de 1965, provocou um alvoroço no Vaticano. D. Pedro Paulo Koop entregou o original de sua intervenção em latim à Secretaria do Concílio e algumas cópias a outros participantes da reunião, em busca de apoio. Surpreendeu-se ao ver o documento ser publicado em francês, em Paris. No Colégio Pio Brasileiro, ponto de apoio dos bispos em Roma, d. Pedro Paulo foi acusado, numa reunião da CNBB, de envergonhar o episcopado do Brasil.

D. Francisco Austregésilo de Mesquita, que também propunha a ordenação de homens casados e saiu em defesa de d. Pedro Paulo, confessou mais tarde, em entrevista a padre Beozzo, ter ficado profundamente decepcionado com o veto de Paulo VI. "Até hoje, não consigo engolir que o papa impediu-me de tratar três assuntos: celibato, paternidade responsável (pílula) e divórcio", declarou o bispo.

Paulo VI interveio na agenda ao saber que alguns padres conciliares (bispos participantes do Vaticano II) tinham a intenção de tratar do celibato eclesiástico. Dando sua opinião pessoal, logo interpretada como uma ordem, o papa advertiu que não seria oportuno debater publicamente o tema. Os bispos foram convidados a entregar suas intervenções por escrito.

Pressão

Mesmo engavetado, o tema do celibato continuou em discussão. No Sínodo de 1971 (reunião de bispos com o papa em Roma), o então secretário da CNBB, d. Aloísio Lorscheider, voltou a levantar a questão, depois de a assembleia-geral do episcopado em 1969 ter aprovado, por dois terços dos votos, que o pedido de ordenação de homens casados fosse encaminhado à Santa Sé. A Secretaria de Estado fez pressão sobre os delegados brasileiros, insistindo para que não tocassem no tema, porque o papa ficaria muito triste. D. Aloísio levou a questão adiante, mas Roma não cedeu.

"Isso não impediu que, no Sínodo dos Bispos de 1990, d. Valfredo Tepe (de Ilhéus-Bahia) voltasse a falar em nome da conferência episcopal do Brasil, solicitando a ordenação de homens casados", escreveu o padre Beozzo. Entre outros argumentos, d. Tepe lembrou que no Brasil há paróquias de 50 mil e até de 100 mil habitantes, o que exige de muitos padres celebrar cinco ou mais missas aos domingos, para satisfazer a comunidade de sua área. "Trabalham sob estresse e se sentem frustrados porque não conseguem, de forma adequada, assistir pastoralmente as próprias comunidades", afirmou o bispo. D. Aloísio Lorscheider, que havia sido nomeado cardeal em 1976, reforçou a proposta, ao defender a ordenação de homens casados. O Vaticano manteve inalterado o celibato.

Apesar de os papas João Paulo II e Bento XVI terem mantido o veto de Paulo VI à discussão do tema, a ordenação de homens casados continua em pauta. Alguns bispos defendem a proposta abertamente. "Precisamos ter a coragem de ordenar homens casados para atender as comunidades abandonadas", adverte d. Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC), que foi membro da comissão responsável pelos padres na CNBB. "O carisma do celibato continua sendo uma riqueza evangélica na Igreja, mas chegou a hora, diante da realidade de inúmeras comunidades carentes de eucaristia, de ordenarmos homens casados de intensa vivência comunitária e matrimonial", acrescenta.

O 12.º Nacional de Presbíteros, reunido em Itaici, no município paulista de Indaiatuba, em 2008, propôs que se pedisse ao Vaticano a ordenação de homens casados e a readmissão de ex-padres casados como alternativas para o celibato, mas sem sucesso. A proposta foi cortada na versão final do documento enviado a Roma.


*Fonte: Estadão

*INTOLERÂNCIA RELIGIOSA



Classificação de países por perseguição de 2011

A Portas Abertas Internacional lançou na quinta-feira, dia 6, a Classificação de países por perseguição 2011, uma lista que classifica os 50 países mais intolerantes ao cristianismo e, tem como objetivo, monitorar a situação daqueles que decidem servir a Cristo ao redor do mundo. O período analisado para esta versão é de 01 de novembro de 2009 a 31 de outubro de 2010.




Como a lista é formada

A classificação é produzida por meio de um questionário com 50 perguntas, que cobre vários aspectos da liberdade religiosa, tais como questões sobre o estado legal e oficial dos cristãos (por exemplo, a constituição e/ou as leis nacionais preveem a liberdade religiosa?; as pessoas têm o direito por lei de se converterem ao cristianismo?) e a situação real de indivíduos cristãos (os cristãos estão sendo mortos por causa de sua fé?; os cristãos estão sendo sentenciados às prisões, campos de trabalhos forçados ou estão sendo enviados a sanatórios por causa de sua fé?). Além disso, o papel da igreja na sociedade recebe atenção (os cristãos tem liberdade de imprimir e distribuir literatura cristã?; as publicações cristãs são censuradas ou proibidas neste país?) e, também, os fatores que podem impedir a liberdade religiosa no país (os lugares de encontro dos cristãos e/ou as casas dos cristãos têm sido atacadas por motivos anticristãos?).

A pontuação é atribuída dependendo da maneira como cada questão é respondida e o número total de pontos é o que vai determinar a posição do país na classificação. A lista divide esses países em cinco graus de intolerância: perseguição severa, opressão, limitações severas, algumas limitações e alguns problemas.

Posições

O que já era esperado se confirmou: a Coreia do Norte continua em primeiro lugar como o país mais fechado ao evangelho há 9 anos consecutivos. A grande “surpresa” este ano foi o Iraque, que subiu 9 posições.

Mais uma vez, algumas nações mudaram de posição na lista. Países como Afeganistão, Iraque, Paquistão, Vietnã, Argélia, Norte da Nigéria, Kuweit, Turquia, Marrocos, Tunísia, Síria e Quirguistão subiram no ranking por conta das difíceis condições impostas aos cristãos. Outros como Mauritânia, China, Comores, Líbia, Mianmar, Índia, Norte do Sudão, Djibuti, Cuba e Sri Lanka desceram de posição e a Malásia entrou na classificação. Caso houvesse um 51º país, esse seria a Rússia, local onde houve vários incidentes em 2010. Dez cristãos foram presos e três líderes de igrejas foram mortos por conta de sua fé. Apenas o Quênia saiu da classificação, o que não significa, necessariamente, que a situação no país tenha melhorado, mas, sim, que a perseguição em outras nações piorou a ponto de estrearem no ranking.



1.

Coreia do Norte


2.

Irã


3.

Afeganistão


4.

Arábia Saudita


5.

Somália


6.

Maldivas


7.

Iêmen


8.

Iraque


9.

Uzbequistão


10.

Laos


11.

Paquistão


12.

Eritreia


13.

Mauritânia


14.

Butão


15.

Turcomenistão


16.

China


17.

Catar


18.

Vietnã


19.

Egito


20.

Chechênia


21.

Comores


22.

Argélia


23.

Nigéria (Norte)


24.

Azerbaijão


25.

Líbia


26.

Omã


27.

Mianmar


28.

Kuweit


29.

Brunei


30.

Turquia


31.

Morrocos


32.

Índia


33.

Tadjisquistão


34.

Emirados Árabes Unidos


35.

Sudão (Norte)


36.

Zanzibar (Tanzânia)


37.

Tunísia


38.

Síria


39.

Djibuti


40.

Jordânia


41.

Cuba


42.

Belarus


43.

Etiópia


44.

Palestina (Território)


45.

Barein


46.

Quirguistão


47.

Bangladesh


48.

Indonésia


49.

Sri Lanka


50.

Malásia/Rússia


























































Acompanhe na página http://www.portasabertas.org.br/classificacao informações completas sobre a nova Classificação e a situação dos 10 países mais intolerantes.

*Fonte: Portas Abertas