segunda-feira, 22 de novembro de 2010

*Vaticano: nada muda com fala de papa sobre camisinha



O Vaticano alertou neste domingo que não há nada de 'revolucionário' na afirmação do papa Bento XVI de que o uso da camisinha em circunstâncias excepcionais pode ser um ato responsável no combate à disseminação do HIV.


O Vaticano alertou neste domingo que não há nada de "revolucionário" na afirmação do papa Bento XVI de que o uso da camisinha em circunstâncias excepcionais pode ser um ato responsável no combate à disseminação do HIV.

O principal porta-voz da Santa Sé, reverendo Federico Lombardi, divulgou um comunicado destacando que o comentário do papa que está num livro que será publicado nesta terça-feira não "reforma nem muda" os ensinamentos da Igreja, que proíbe o uso de preservativo e outros métodos contraceptivos. Bento XVI tampouco está "justificando moralmente" o exercício ilimitado da sexualidade, acrescentou Lombardi.

O papa acredita que o uso de camisinha para diminuir o risco de infecção é a "primeira assunção de responsabilidade", diz o comunicado, usando um trecho do livro. "O raciocínio do papa não pode de modo algum ser definido como uma mudança revolucionária", disse o porta-voz.

Bento XVI falou em entrevista a um jornalista alemão. O jornal do Vaticano L'Osservatore Romano divulgou ontem trechos do livro, "Luz do Mundo", três dias antes da publicação.

Na entrevista, Bento XVI afirmou que em certos casos, como prostituição masculina, o uso da camisinha pode ser um primeiro passo em assumir responsabilidade moral para conter a disseminação do vírus que causa a Aids.

Lombardi destacou que o papa enfatizou a principal recomendação da Igreja na luta contra a Aids - a abstinência sexual e fidelidade entre os que são casados. O porta-voz citou as palavras de Bento XVI de que a Igreja "não considera isso (o uso de preservativo) como solução real ou moral". "Com isso, o papa não está reformando ou mudando o ensinamento da Igreja, mas reafirmando-o, colocando-o no contexto do valor e da dignidade da sexualidade humana como expressão de amor e responsabilidade", disse o porta-voz.

*As informações são da Associated Press.

sábado, 20 de novembro de 2010

Manifesto de uma consciência negra



É interessante como a vida pode ser irônica, em pleno dia da consciência negra recebo uma notícia de desrespeito e preconceito.

Um dos meus discente, que vou denominar de "S", residente do bairro Nova Priamavera, foi detido por policiais militares por volta das 09:40 da manhã de hoje, por causa de uma suspeita, no mínimo, estranha.

Os policiais viram uma movimentação estranha em uma incurssão pelo bairro, quando se aproximaram os suspeitos fugiram, meu discente, "S", estava longe da movimentação suspeita, mas por ter vindo da mesma direção foi abordado. Detalhe: "S" é menor de idade e estava acompanhado de seu irmão de 10 anos, quando iam fazer a limpeza ("capina") de um terrono com outros de seus colegas.

"S"foi abordado, e já sentenciado por um dos policiais, como detentor de um pacote contendo vários sacoles de drogas encontrados no local, que repito, "S" estava passando bem distante.

"S", tentanto, provar que aquele pacote não lhe pertencia, falou aos policiais que, se quisessem, poderiam olhar a sua casa. Por mais uma irônia do destino, foi encontrada uma muda de maconha no terreno baldio de sua casa. Mesmo sendo menor, e não oferecendo resistência de nenhuma espécie, "S" foi algemado e conduzido a 93a Delegacia de Volta Redonda. Seu irmão, de 10 anos, presenciou a toda a ação.

O que me deixa indignado, é que os outros dois policiais militares que acompanhavam o policial que deu voz de prisão a "S"(que, alias, também era negro), conheciam ele e sua boa indóle, vizinhos que viram a ação também falaram sobre a boa conduta do rapaz, alegando, inclusive, que o terreno baldio de sua casa era utilizado por maus elentos do bairro para consumo de drogas e outras ações. Os pais de "S", inúmeras vezes reeprenderam essas ações, mas esses maus elementos, sempre continuavam.




A vizinhança ainda tentou convencer o policial falando sobre a conduta de "S" no bairro, ele é monitor de um projeto cultural desde 2009 e auxilia a muitos jovens e adolescentes, dando conselhos e passando a sua experiência de vida. Isso de nada adiantou, e "S", menor de idade, foi levado algemado para a delegacia. Foi quando recebi a ligação e fui informado do fato. Imediatamente fui para a delegacia.

Na delegacia não havia um representante do conselho tutelar da cidade (que foi notificado, mas "não havia ninguém disponivel") nem um pisicologo ou assistente social, que são profissionais que devem estar presente quando um menor esta sendo acusado de algum crime.

Ainda bem que "S" é um rapaz responsável, e tem amigos, imediatamente após sua prisão, irregular, diga-se de passagem, vizinhos entraram em contato com representates do Grupo Amigos na Cultura, do qual "S" faz parte desde 2007, primeiro como agente cultural (discente) e, atualmente, como monitor (uma espécie de professor auxiliar).

Os pais de "S" foram notificados, seu pai, inclusive, teve que sair do trabalho para ir a delegacia, foi quando cheguei.



Logo, outros representantes do Grupo Amigos na Cultura chegaram e acionaram sua assistência jurídica. "S" ficou na delagacia de 09:50 às 14:05, e repito, se não fosse por seus familiares e representantes do Grupo Amigos na Cultura, sem qualquer assistência do Estado ou Municipio.

Quando, finalmente, "S" foi ouvido foi compravada a sua inocência, e no registro da ocorrência policial foi prescrito apenas como testemunha de uma apreensão de drogas. Todo o contragimento público, a quebra dos direitos do menor de idade ficaram sem uma compensação, mas, ao menos, o rapaz foi solto, e não condenado a uma prisão injusta.

Você pode pensar que eu estou furioso com os policiais militares, certo? Pois esta errado.

Respeito a esses profissionais, pois sei que vivem em condições precárias de trabalho, com material obsolento, tendo, inclusive, que se virar com uma única farda dada pela corporação, para o ano todo, se o policial militar quiser mais de uma farda tem que desembolsar de seus recursos particulares para tanto.

O Policial Militar do Estado do Rio de Janeiro arrisca a sua vida diariamente em defesa do cidadão fluminense, recebendo menos de R$ 30,00 (trinta reais) por dia, metade do que recebe uma diarista para limpar uma residência de classe média.

Fazer seviços extras, os famosos "bicos", não são um luxo e sim a única opção honesta desse profissionais complementarem sua renda e viverem dignamente. Eles mal conseguem oferecer segurança a si própios e suas famílias, e são perseguidos por fazerem os "bicos".

A principal funçao da PM-RJ é o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública. A PM-RJ possui 14 Unidades especiais (Uma dela é o Batalhão de Operações Policiais Especiais- BOPE). Mas muitas vezes não são capacitados ao trato público, não por culpa dos profissionais, uma vez que são treinanados como força militar auxiliar, mas por culpa do próprio estado, que não capacita esse profissionais a lidarem com as particularidades sociais, nem dão o apoio necessário a eles.


Sim, eu acredito que existem bons policiais dentro da corporação, que não se voltam para a corrupção, e só fazem o uso da força quando necessário. Muitas vezes "demonizamos" a esses profissionais, e afirmamos que todos são corruptos. Como já disse, discordo de tal afirmação.

Acredito que dentro de cada farda existe um ser humano, como qualquer um, que tem sonhos, paixões e medos. Muitas vezes olhamos somente do ponto de vista civil para os praças, mas temos, também, de nos colocar no lugar deles. Alguma vez já paramos para pensar que esse profissional e sua família correm um risco de vida constante, e que o estado não lhes oferece nenhuma forma de proteção, salvo quando uma desgraça acontece? Muitas vezes os pais e a própria sociedade (Estado e famílias) não cuidam dos seus e colocam parte, quando não toda, a responsabilidade nas autotidades policiais. Muitas vezes usadas como verdadeiros "bichos-papões".



Enquanto esperava o depoimento da ocorrência do caso do "S", li algo interressante no quadro de avisos da 93a DP de Volta Redonda. Transcrevo o texto abaixo:

Sim, senhor cidadão, eu sou um policial

(*) Mitchell Brown

Muito bem, senhor cidadão, eu creio que o senhor já me rotulou.

Acredito que me enquadro perfeitamente na categoria na qual o senhor me colocou. Eu sou estereotipado, padronizado, marcado, corporativista e, sempre, bitolado. Infelizmente, a recíproca é verdadeira. Eu não vou, porém, rotulá-lo.

Mas, desde que nascem, seus filhos ouvem que eu sou o bicho-papão, e depois o senhor fica chocado quando eles se identificam com meu inimigo tradicional, o criminoso. O senhor me acusa de contemporizar com os criminosos, até que eu apanhe um de seus filhos em alguma falta.

O senhor é capaz de gastar uma hora para almoçar e interrompe seu serviço para tomar café diversas vezes no dia, mas me considera um vagabundo se paro para tomar uma só xícara. O senhor se orgulha de seu refinamento, mas nem pisca quando interrompe minhas refeições com seus problemas.

O senhor fica bravo quando alguém o fecha no trânsito, mas quando o flagro fazendo a mesma coisa, eu o estou perseguindo. O senhor, que conhece todo o código de trânsito, quase nunca porta os documentos obrigatórios.

O senhor acha que é um abuso se me vê dirigindo em alta velocidade para atender uma ocorrência, mas sobe pelas paredes se eu demoro dez segundos para atender um chamado seu.

O senhor acha que é parte do meu trabalho se alguém me fere, mas diz que é truculência policial se devolvo uma agressão.




O senhor nem cogita em dizer a seu dentista como arrancar um dente ou a seu médico como extirpar seu apêndice, mas está sempre me ensinando como aplicar a lei.

O senhor quer que eu o livre dos que metem o nariz na sua vida, mas não quer que ninguém saiba disso.

O senhor brada que é preciso fazer alguma coisa para combater o crime, mas fica furioso se é envolvido no processo.

O senhor não vê utilidade na minha profissão, mas certamente ela se tornará valiosa se eu trocar um pneu furado do carro de sua esposa, ou conduzir seu menino no banco de trás do carro patrulha, ou talvez salve a vida de seu filho, ou trabalhe muitas horas além de meu turno procurando sua filha que desapareceu.

Assim, senhor cidadão, o senhor pode se indignar, proferir impropérios e se enfurecer pela maneira pela qual executo meu trabalho, dizendo toda a sorte de palavrões possível, mas nunca se esqueça de que a sua propriedade, a sua família e até a sua vida dependem de mim e de meus colegas.

Sim, senhor cidadão, eu sou um policial.

(*) Mitchell Brown, autor deste texto, patrulheiro da Polícia Estadual de Virgínia, EUA, morreu em serviço dois meses depois de o escrever.


Esse texto me sensibilizou, e fez refletir...

De maneira alguma concordo ou tento aqui justificar os erros cometidos no caso do "S". Mas entendo melhor por que eles ocorreram.

Volto a pensar nesse dia como um dia que devemos celebrar a vida. Nunca concordei com o fato do dia da Consciência Negra ser celebrado no dia da morte de Zumbi dos Palmares, adimiro Zumbi e sua história e sei que o exemplo que ele deixou foi de luta e perseverança. Então por que lembra-lo no dia sua morte? Digo não! Devemos celebrar seu exemplo de vida, não só o dele, mas como o de Mariana Criola, Ganga Zumba, João Candido, Machado de Assis e tantos outros, só para citar os negros brasileiros.


A luta contra preconceito continua, e não só o de cor, mas também o religioso, sexista, político, geográfico e, principalmente, o financeiro. No caso desses dois últimos, considero os mais acintosos no Brasil. No caso de "S", afirmo (apesar de saber que as autoridades policias não concordam com minha opinião, direito delas) que ele foi abordado por ser negro, de uma condição finaceira não elevada e, principalmente, por ser morador do bairro Nova Primavera. O determinismo geográfico nesse bairro, que é o de menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de Volta Redonda-RJ, é muito grande. Para muitos, morar lá é sinônimo de "bandido".


Pois digo algo, trabalho no Nova Primavera desde 2007, nunca fui assaltado lá, apesar de sempre andar com materiais muito caros como: computadores, projetores, DVD e sons, para a execução de meu trabalho. Nunca me agrediram verbal ou fisicamente, apesar de, no meu ramo de trabalho, sempre confrotar os jovens e adolescentes com normas de ética, cidadadania, empreendedorismo e traquejo social, que muitas vezes conflituam com os ensinamentos caseiros desse jovens. E ficaria listando aqui mil laudas das qualidades dessa comunidade.



Como todo bairro, o Nova Primavera tem suas qualidades e virtudes. Por isso não adimito a imagem depreciativa dado a ele. Hoje é dia de reflexão, de respondermos a pergunta: Aonde você guarda o seu preconceito?



Só para responder, o preconceito não pode ser guardado, mas sim excutado, sumariamente, do cerne de nosso âmago. Eu continuo acreditando em uma sociedade justa e igualitária.

Uma sociedade sem preconceitos, independente da forma.


Eu acredito em meu país, espero ver um Brasil que não precise de uma secretaria de igualdade social, pois seremos julgados pelas nossa ações, e não pela cor da nossa pele.

Um país que não precise de cotas para negros e outras "minorias" ( reflitam bem sobre essas àspas), pois as universidades serão para todos, indistintamente. Pois a educação, desde sua base, será de qualidade, não precisando que o trabalhor pague duas vezes sua universidade, quando faz sua graduação em uma instituição privada, enquanto uma pequena parcela elitizada da população ocupam todas as vagas das universidades públicas.



Quero acreditar que estou lutando, e trabalhando, por um Brasil onde casos como o de "S" não se repitam.


20 DE NOVEMBRO – DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Consciência! Perante Deus somos todos irmãos e perante a lei somos todos iguais.

Respeito
Zumbi e sua história, mas não quero celebrar a sua morte. Quero
celebrar a vida e a liberdade.

Zumbi, e tantos outros, deixaram um
legado de luta, vida e liberdade.

Zubi morreu, mas Cristo ViVE!!!



segunda-feira, 15 de novembro de 2010

*Livro sem palavras

O prazer de criar um livro sem palavras

Escritor capixaba cria livro de quadrinhos sem texto, para público adolescente, e desperta interesse de editora estrangeira

João Marcello Erthal

Na era dos e-books, da pirataria e dos muitos formatos que um livro pode ter, o percurso de um autor, da ideia até a publicação, pode tomar um caminho bastante tortuoso. No caso do jovem escritor e desenhista capixaba Estevão Ribeiro, conquistar um espaço no mercado foi, por assim dizer, um arriscado exercício de desapego. O sétimo – e talvez mais promissor – livro concebido por Estevão tem de tudo, menos palavras, o que empurra o criador da história para o quase anonimato. Mas, dados os resultados e a aceitação do projeto, ele não se importa com a falta de reconhecimento – nem tem do que reclamar.

‘Pequenos Heróis’, um livro de quadrinhos dedicado ao público adolescente, chegou às prateleiras no mês passado, pela editora Devir, de São Paulo. Simultaneamente, o projeto de Estevão, com oito histórias ilustradas por nove artistas, conseguiu algo raro e difícil para autores iniciantes: a obra já tem editora e será lançada nas próximas semanas também nos Estados Unidos, pela editora 215 Ink, especializada em livros digitais – atualmente, estão sendo finalizadas as capas da versão em e-book. “Este projeto é a maior vitrine que já produzi para meus parceiros. Há uma dificuldade dos leitores de entender que há um escritor por trás das histórias, mas não me importo”, diverte-se Estevão, que, simultaneamente a Pequenos Heróis, tenta emplacar seu primeiro romance – ‘A corrente’, uma trama de terror lançada pela editora Draco, de São Paulo.

A primeira dificuldade para realizar o projeto foi explicar para os próprios ilustradores do que se tratava o livro “sem texto”. Como alguns dos artistas ficavam intrigados com a ideia apresentada por Estevão, ele e o coeditor Mário Cesar, também capixaba, fizeram a primeira das oito histórias. Super Bro, inspirada no Super-Homem, era, então, mostrada em sua versão quase final aos demais convidados a participar, e, a partir daí, “a ficha caía”: “São oito histórias de crianças, inspiradas nas personalidades, nos poderes e nos inimigos de oito super heróis”, resume o autor, que começa a colher os frutos da ‘falta de palavras’ do livro. Afinal, não ter texto significa que as páginas já estão prontas para qualquer idioma.

“Há muitos autores de quadrinhos que escrevem e desenham a própria história. De uns tempos para cá, o Brasil até exporta desenhistas, que são mão de obra para os criadores de histórias. Mas o mercado de roteiristas de HQ no Brasil ainda é limitado”, explica Estevão, que, mesmo fora da lista oficial de lançamentos da Rio Comicon, improvisou uma tarde de autógrafos na feira, encerrada no domingo no Rio.

A seguir, ‘Garoto das Trevas’, uma das histórias do livro, inspirada no personagem Batman.

Pequenos Heróis

Pequenos Heróis

Pequenos Heróis

Pequenos Heróis

Pequenos Heróis

Pequenos Heróis

Pequenos Heróis

Pequenos Heróis

Pequenos Heróis




*Fonte: Veja

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

As três peneiras de Sócrates e o mito da Caverna de Platão


As três peneiras

Um homem foi ao encontro de Sócrates levando ao filósofo uma informação que julgava de seu interesse:


- Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu!

- Espera um momento – disse Sócrates – Antes de contar-me, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras.

- Três peneiras? Que queres dizer?

- Vamos peneirar aquilo que quer me dizer. Devemos sempre usar as três peneiras. Se não as conheces, presta bem atenção. A primeira é a peneira da VERDADE, tens certeza de que isso que queres dizer-me é verdade?

- Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exatamente se é verdade.

- A segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deve ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não?

Envergonhado, o homem respondeu:

- Devo confessar que não.


- A terceira peneira é a da UTILIDADE. Pensaste bem se é útil o que vieste falar a respeito do meu amigo?


- Útil? Não verdade, não.
- Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem útil, então é melhor que o guardes apenas para ti.

______________________________________________________________

O Mito da Caverna

Trata-se de um diálogo metafórico onde as falas na primeira pessoa são de Sócrates, e seus interlocutores, Glauco e Adimanto, são os irmãos mais novos de Platão. No diálogo, é dada ênfase ao processo de conhecimento, mostrando a visão de mundo do ignorante, que vive de senso comum, e do filósofo, na sua eterna busca da verdade.

Sócrates – Agora imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoços acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.

Glauco – Estou vendo.

Sócrates – Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que os transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio.

Glauco – Um quadro estranho e estranhos prisioneiros.

Sócrates – Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e de seus companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica defronte?

Glauco – Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda a vida?

Sócrates – E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?

Glauco – Sem dúvida.

Sócrates – Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam?

Glauco – É bem possível.

Sócrates – E se a parede do fundo da prisão provocasse eco sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?

Glauco – Sim, por Zeus!

Sócrates – Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos fabricados?

Glauco – Assim terá de ser.

Sócrates – Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?

Glauco – Muito mais verdadeiras.

Sócrates – E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?

Glauco – Com toda a certeza.

Sócrates – E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras?

Glauco – Não o conseguirá, pelo menos de início.

Sócrates – Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e sua luz.

Glauco – Sem dúvida.

Sócrates – Por fim, suponho eu, será o sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal qual é.

Glauco – Necessariamente.

Sócrates – Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna.

Glauco – É evidente que chegará a essa conclusão.

Sócrates – Ora, lembrando-se de sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles que foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram?

Glauco – Sim, com certeza, Sócrates.

Sócrates – E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia?

Glauco – Sou de tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa maneira.

Sócrates – Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: Não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?

Glauco – Por certo que sim.

Sócrates – E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que seus olhos se tenham recomposto, pois habituar-se à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo?

Glauco – Sem nenhuma dúvida.

Sócrates – Agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar, ponto por ponto, esta imagem ao que dissemos atrás e comparar o mundo que nos cerca com a vida da prisão na caverna, e a luz do fogo que a ilumina com a força do Sol. Quanto à subida à região superior e à contemplação dos seus objetos, se a considerares como a ascensão da alma para a mansão inteligível, não te enganarás quanto à minha idéia, visto que também tu desejas conhecê-la. Só Deus sabe se ela é verdadeira. Quanto a mim, a minha opinião é esta: no mundo inteligível, a idéia do bem é a última a ser apreendida, e com dificuldade, mas não se pode apreendê-la sem concluir que ela é a causa de tudo o que de reto e belo existe em todas as coisas; no mundo visível, ela engendrou a luz; no mundo inteligível, é ela que é soberana e dispensa a verdade e a inteligência; e é preciso vê-la para se comportar com sabedoria na vida particular e na vida pública.

Glauco – Concordo com a tua opinião, até onde posso compreendê-la.

_______________________________________________________

Pensem nisso...

E deixem o seu comentário.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A ditadura continua

*Historiador se demite em protesto contra sigilo de acervos da ditadura no período eleitoral


O historiador Carlos Fico  que demitiu-se da comissão 'Memórias Reveladas' por não concordar com o fechamento dos arquivos da ditadura militar - Thiago Lontra/ O Globo

RIO - O Centro de Referências das Lutas Políticas no Brasil (ou projeto Memórias Reveladas), criado pelo governo federal para reunir e divulgar os documentos secretos do regime militar, está desfalcado desde ontem. Em carta entregue ao coordenador-geral da entidade, Jaime Antunes da Silva, o historiador Carlos Fico, da UFRJ, anunciou a sua renúncia. A decisão, segundo ele, foi tomada depois que o Arquivo Nacional passou a negar aos pesquisadores acesso aos acervos da ditadura "sob a alegação de que jornalistas estariam fazendo uso indevido da documentação, buscando dados de candidatos envolvidos na campanha eleitoral".

O historiador, que era presidente substituto da Comissão de Altos Estudos do Memórias Reveladas, foi alertado sobre a proibição por uma aluna de doutorado, que tentara sem sucesso acessar um destes acervos. Para confirmar, ele próprio protocolou um pedido de acesso e também recebeu uma resposta negativa sob a mesma alegação:

" O funcionário do Arquivo Nacional pediu que eu esperasse até sexta-feira (último dia da campanha eleitoral) "

- O funcionário do Arquivo Nacional pediu que eu esperasse até sexta-feira (último dia da campanha eleitoral).

A negativa foi a gota d'água na insatisfação de Fico com os constrangimentos que unidades do sistema nacional de arquivos, incluindo o Arquivo Nacional, estariam criando para o acesso à documentação do ciclo militar (1964-85).

Os gestores dos arquivos, sustenta o historiador, demonstram receio de abrir os acervos e correr o risco de responderem judicialmente por ferir, com o mau uso dos papéis, o direito à privacidade, à imagem e à honradez.

Ditadura brasileira foi a que mais produziu documentos

Na carta de demissão, Fico lamentou que, "não obstante o Brasil possua um grande acervo documental sobre a ditadura já transferido para o Arquivo Nacional e arquivos estaduais - em tese disponível à consulta pública - sua pesquisa, muitas vezes, tem sido bastante dificultada".

A documentação bloqueada nas últimas semanas, por causa da campanha eleitoral, integra os acervos do antigo Conselho de Segurança Nacional e da Divisão de Segurança e Informações do Ministério das Relações Exteriores.

Fico alega que "não podem os arquivos brasileiros arvorarem-se em intérpretes do direito à privacidade e arbitrarem - conforme as idiossincrasias do funcionário ocasionalmente situado na posição de decidir - se este ou aquele documento agride a honra ou a imagem de alguém".

Das ditaduras latino-americanas, a brasileira foi a que mais produziu documentos, segundo o historiador. Ele disse que, enquanto a repressão argentina praticamente não deixou registros documentais, os "arquivos do terror" paraguaios estão totalmente abertos à consulta.

Fico sustenta que, na questão da privacidade, as autoridades não podem entender o conteúdo dos documentos do regime militar como testemunhos da verdade, mas apenas um registro histórico do arbítrio da época.

"Tampouco pode perdurar o entendimento improcedente que insiste em tratar de 'sigiloso' o documento já desclassificado pela lei", escreveu. Os pesquisadores estariam impedidos, inclusive, de manusear os instrumentos de pesquisa, que não são papéis históricos, mas as listas de conteúdo dos acervos.

Caso parecido ocorreu em agosto no Superior Tribunal Militar. O processo que levou a presidente eleita, Dilma Rousseff, à prisão na ditadura foi retirado dos arquivos e trancado num armário por ordem do presidente do órgão, Carlos Alberto Marques Soares.

Fico disse que, em recente seminário promovido pelo Memórias Reveladas, foi decidido que os demais arquivos seguiriam a experiência do Arquivo Estadual de São Paulo, que libera toda a papelada, exigindo apenas que o solicitante assine termo de responsabilidade. Mas, segundo ele, nada foi feito até agora. O presidente do Memórias Reveladas, Jaime Antunes (também presidente do Arquivo Nacional), não foi localizado para comentar a demissão.

*Fonte: O Globo

________________________________________________________________

É um verdadeiro absurdo que em pleno século XXI ainda vejamos esse tipo de situação acontecendo no Brasil.

Como podemos falar de democracia se ainda ocorrem tais fatos?

A grande ironia é que esse acontecimento ocorrem no governo de um trabalhador que foi perseguido pela própria ditadura. E o que horroriza é ver que a atual presidente eleita, não emitiu uma nota sequer sobre o fato.


Eu não vou me calar!! Esse texto vai direto para a Presidência da República, bem como autoridades do Rio de Janeiro.

domingo, 31 de outubro de 2010

A Nova ordem do Brasil



"Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade." I Timóteo 2:1-2


"Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação." Romanos 13:1-2


Passadas a eleições, faço uma breve reflexão desse nosso novo contexto político, histórico e espiritual.

Não esperem de mim uma "rasgação de seda" pela vitória da nova presidenta, de igual modo, não esperem condolências ao candidato derrotado, por voto livre e direto. Quero me distanciar, também, das criticas ao "lideres evangélicos", que, nessas eleições em especial, causaram grander conturbação com seus discursos inflamados, que pendiam mais para questões pessoais do que a legitimidade da Palavra de Deus.

Depois de ouvir o primeiro pronúnciamento da nova presidenta, me veio novamente a Palavra que orei desde a última sexta-feira, a caminho de uma reunião de trabalho, porém, em jejum à Deus por discernimento. As duas passagens biblicas descritas acima.

Gostem alguns, ou não, temos uma nova ordem no Brasil.

Dilma Rousseff: Sim, a mulher pode.

Dilma Rousseff: Prefiro o barulho da imprensa livre, ao silêncio da ditadura.

Essas frases, ficaram, para mim, ressaltadas no primeiro pronunciamento da nova presidenta. E aqui registro uma intrução do apóstolo Pedro, para aqueles "cristãos" que não concordam com o resultado anunciado:

"Por amor do Senhor, sede submissos, pois, a toda autoridade humana." I Pedro 2:13

Como pastor, reconheço a autoridade máxima da Bíblia Sagrada; e como professor de história, tenho desenvolvido um senso crítico e analítico do novo estado instituido no Brasil.

Muitos "evangélicos" temem a perseguição a igreja. Um alerta a esses: Quanto mais a igreja é perseguida, mais ela cresce; a história nos prova isso. Quero deixar claro que, quando falo "igreja", me refiro ao Corpo de Cristo, não uma organização evangélica, católica ou outra de qualquer espécie.

Outros tantos, pensam que a nova presidenta é solução de todos o problemas, cuidado. Todo apoio deve ser dado com responsabilidade, e deve ser fiscalizado. Apartir de agora é exigir, isso mesmo, exigir que a nova autoridade instituida faça um governo de igualdade e desenvolvimento a todos, indistitamente.

Karl Marx já disse: "Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência."

De igual modo ratificou Marx: "Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo."




É esse o momento da transformação. Cristãos, o que nos importa é pregar a cruz e a Salvação, através de Cristo Jesus, independente do governo estabelecido. Seres políticos, partidários ou, como eu, apartidários (até o momento), a mudança é feita através de ações e de influências, discutam soluções e não somente os problemas.

Abaixo uma sugestão de leitura:

http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/ha-varias-dilmas-em-dilma-resta-saber-qual-vai-governar-o-brasil


No final, o fato é um só: Mais um vez o Brasil fez historia, agora, elegendo, pela primeira vez em sua história, uma mulher para o mais elevado cargo executivo do país.

Independente de minhas opiniões pessoais, parabéns a Nova Presidenta do Brasil: Dilma Rousseff. Que Deus lhe dê sabedoria, as hostes do mal se afastem de Ti e os homens trabalhem para o desenvolvimento de um Brasil melhor.


*Com ajuda de Lula, Collor chega aos cofres da Petobras

Em outubro de 1990, o presidente Fernando Collor valeu-se de um emissário para induzir a Petrobras a emprestar US$ 40 milhões à Vasp, empresa aérea comprada no mês anterior pelo amigo Wagner Canhedo. Deu tudo errado. Pressionado por Paulo César Farias, o presidente da estatal, Luiz Octávio da Motta Veiga, demitiu-se inesperadamente e denunciou o cerco movido pelo tesoureiro do chefe de governo. O escândalo se transformaria na primeira estação do merecido calvário que desembocaria no impeachment.

Passados 20 anos, o senador Fernando Collor voltou à ação no local do crime não consumado, agora para forçar a estatal a fechar um contrato de R$ 200 milhões com o usineiro alagoano João Lyra, ex-senador e pai de sua cunhada Tereza Collor. Para abrir o cofre que PC não alcançou pela rota dos porões, Collor dispensou-se de cautelas e foi à luta pessoalmemente. Em agosto passado, entrou pela porta da frente, e levando a tiracolo o empresário de estimação beneficiado pela bolada. Desta vez deu tudo certo.

Numa nota publicada em seu blog no site de VEJA, o jornalista Lauro Jardim resumiu o show de atrevimento: “O candidato a governador Fernando Collor exigiu ─ repita-se: exigiu ─ que a diretoria da Petrobras Distribuidora assinasse um contrato de vinte anos para a compra de etanol das usinas de João Lyra. Alguém aí acha que Collor foi posto para fora ? Nada disso. Não conseguiu um contrato de décadas, mas arranjou um de quatro anos, cerca de 200 milhões de reais”.

Nesta semana, o Brasil soube por que Collor se sente em casa na Petrobras Distribuidora: foi ele o padrinho da nomeação de José Zonis para a Diretoria de Operações e Logística. Desde o ano passado, o ex-presidente despejado do Planalto por ter desonrado o cargo não precisa designar algum homem de confiança para missões de grosso calibre na maior das estatais. Tem um representante com direito a gabinete, cafezinho e canetas que assinam contratos com prazos sob medida para a obtenção de empréstimos bancários.

“Isso é uma tremenda maracutaia”, berrou em 1990 Luiz Inácio Lula da Silva, ao saber que Collor tentara favorecer um empresário amigo com dinheiro da Petrobras. Em dólares, a montanha de cédulas capturada em agosto deste ano é equivalente à perseguida sem sucesso há duas décadas. Mas o presidente que abandonou o emprego para virar animador de palanque não viu nada de errado. Os devotos do Mestre aprendem que maracutaia que beneficia companheiros (sobretudo um amigo de infância, patente obtida por Collor) não é maracutaia. É um negócio como outro qualquer.

O que pensa da pilantragem a candidata Dilma Rousseff, sempre com a mão no coldre para defender o símbolo nacional da cobiça dos inimigos da pátria e seus sócios estrangeiros? O neurônio solitário ainda ensaia o que dizer. José Sérgio Gabrielli, ao contrário de Motta Veiga, engole o que vier pela proa para manter o emprego. Não há ofício mais gratificante que prestar serviços à nação numa estatal fora-da-lei. O presidente da Petrobras só saírá do gabinete na traseira de um camburão.

Aparentemente ilógica, a parceria entre os candidatos que trocaram chumbo na guerra suja de 1989 nada tem de surpreendente. Escancarado pela grossura explícita, o primitivismo de Lula pode ser visto com nitidez por trás do falso refinamento de Collor. Escancarado pela arrogância de oligarca, o autoritarismo de Collor é perfeitamente visível por trás do paternalismo populista de Lula. Os dois são, em sua essência, primitivos e autoritários. Nasceram um para o outro.


*Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/com-a-ajuda-de-lula-collor-finalmente-conseguiu-chegar-ao-cofre-da-petrobras/

Arquivo do blog