sexta-feira, 24 de abril de 2015

05 anos... incompletos completamente





É engraçado...

Havia me comprometido comigo mesmo que, com excessão de um romance medieval que estou finalizando baseado em nossa história, não escreveria mais sobre a Ana Paula, mas eis-me aqui, sendo humano, e como tal, descomprindo compromissos... 




Exatamente hoje eu faria 05 anos de casado com a Ana Paula. Olha... como vida da gente muda em 12 meses...




Me considerem soberbo se quiserem (apesar de saber de antemão que o sua sensibilização com minha situação não vai permitir isso) acredito que, comigo, a Ana Paula viveu seus anos mais felizes.

Passamos 04 anos, 1 mês e 29 dias casados, sempre viajávamos no nosso aniversário de casamento. Foram 04 luas de mel, 02 em Penendo, 01 em diversar ihas em Angra dos Reis e 01 em Natal-RN. De todas, incluindo a primeira, a mais marcante, para mim foi a de Natal-RN. E vou contar essa história...






Estávamos no ano de 2013, íamos comemorar 03 anos de casados, um tempo de muitas decisões importantes para nós como casal, trabalho, nascimento da Agnes (ela estava gravida de 03 meses) e a casa própria...

Sempre gostei do número 03, e queria fazer algo diferente nesse ano. Ela, ao contrário de mim, nunca havia saído do Brasil e visto a neve, então fiz uma cotação de viagem para passarmos 04 dias na Argentina com uma passagem em Bariloche. Mas me recordei que um dos seus maiores sonhos era ir para Natal, ver as dunas de lá.

Beleza... Fiz outra cotação, era mais barato passar 04 dias na Argentina com ida a Bariloche, do que 04 dia em Natal. Me lembro até hoje como fiz a pergunta para ela:

- Eu: Vamos fazer 03 anos de casados este ano, onde você gostaria de comemorar? Ir para Argentina, fazer uma viajem internacional, um país diferente, uma das capitais mais românticas da América Latina e depois ver a neve em Bariloche ou ficar naquele calor escaldante de Natal?

- Ana Paula: Natal!!!

Eu nem sei porque perguntei (rsrs). Doeu no bolso, mas valeu cada centavo, pois ela estava realizando um sonho.

Eu já tinha ido em Natal, e fiz questão de fazer um itinerário legal, com direito a uma parada obrigatória no maior cajueiro do mundo...



Ida no morro do careca, ver uma das dunas mais visitadas de Natal...

E alguns pontos turísticos históricos que eu não havia ido em minha primeira viajem.

Por que essa viajem me marcou tanto? Na primeira lua de mel, em Penedo, tudo foi um presente, até mesmo porque não tínhamos muito dinheiro mesmo (rsrs). Mas na lua de mel em Natal pagamos tudo com nosso trabalho, a mim coube a maior parte, claro (rsrs). Além disso eu estava realizando um sonho da Ana Paula.  




No dia 29 de abril de 2015, farão exatos 10 meses que ela faleceu. Interessante, não? Faria 05 anos de casados, e completar 10 meses de falecimento no mesmo mês. Existe um simbolismo nisso tudo. Nada, absolutamente nada, acontece por acaso.

Escrevi vários textos sobre a Ana Paula e um pouco da minha vida com ela, se ainda não leu, confira os links abaixo:

http://prrodrigomatias.blogspot.com.br/2014/07/ode-uma-adoradora.html

http://prrodrigomatias.blogspot.com.br/2014/07/o-fim-de-um-luto.html

http://prrodrigomatias.blogspot.com.br/2014/07/doutora-ana-paula-matias.html

http://prrodrigomatias.blogspot.com.br/2015/02/34-anos-reflexoes.html






Algumas pessoas sempre me perguntam: Como você consegue ser assim? Como teve tanta força para suportar a morte da Ana Paula do jeito que foi? Minha resposta é ampla, mas simples:

"Minha força não vem de mim, mas de Deus. E entendo que a Ana Paula se foi por que o propósito dela na Terra se cumpriu. O Pai Eterno cumpriu completamente Seu desígnio na vida dela e na nossa união".  

Deus continua sendo Deus, e Pai. Sou grato por cada momento que passei lado da Ana Paula, ela me mudou, eu mudei ela, nos transformamos juntos.

05 anos incompletos, vividos completamente.




quinta-feira, 23 de abril de 2015

23 de abril - Quem é Jorge?






No dia 05 de março de 2008, pela lei 5198, foi institucionalizado no estado do Rio de Janeiro "O dia de São Jorge".

O engraçado nessa história é que Jorge se tornou o que ele mais combatia, um ídolo, um objeto religioso que ele tinha extrema repulsa.

Conheça um pouco da história de um grande homem, JORGE DA CAPADÓCIA, martirizado em 303, d.C.

Em torno do século III d.C., quando Diocleciano era imperador de Roma, havia nos domínios do seu vasto Império um jovem soldado chamado Jorge de Anicii. Filho de pais cristãos, converteu-se a Cristo ainda na infância, quando passou a temer a Deus e a crer em Jesus como seu único e suficiente salvador pessoal. Nascido na antiga Capadócia, em grego Καππαδοκία, atual Turquia, era uma antiga província Romana. Jorge mudou-se para a Palestina com sua mãe, após a morte de seu pai. Tendo ingressado para o serviço militar, distinguiu-se por sua inteligência, coragem, capacidade organizativa, força física e porte nobre.

Foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade. Tantas qualidades chamaram a atenção do próprio Imperador, que decidiu lhe conferir o título de Conde. Com a idade de 23 anos passou a residir na corte imperial em Roma, exercendo altas funções. Nessa mesma época, o Imperador Diocleciano traçou planos para exterminar os cristãos. No dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e afirmou que os os ídolos adorados nos templos pagãos eram falsos deuses.

Jorge não queria estar a serviço de um império perseguidor e opressor dos cristãos, que era contra o amor e a verdade. Foi perseguido, preso e ameaçado. No dia 21 de abril do ano 303 d.C., ele foi martirizado com a degola a mando de Diocleciano. Tudo isso por não negar seu amor por Jesus Cristo.

Assim como não há uma 'fotografia física' de Jesus, dos apóstolos, também não há uma de Jorge da Capadócia. A figura apresentada dele, sobre o cavalo, é apenas imaginação preservada da história. O dragão simboliza o que foi o Império Romano, ao perseguir os cristãos da época.

A devoção a Jorge rapidamente tornou-se popular. Seu culto se espalhou pelo Oriente e, por ocasião das Cruzadas, teve grande penetração no Ocidente.

No entanto, por causa do sincretismo religiosos brasileiro, Ogum aparece identificado com Jorge, que também é conhecido como "o santo guerreiro do catolicismo". O simbolismo é interessante: Jorge veste uma armadura de guerra (a proteção necessária para atuar em ambientes inferiores, segundo a umbanda) e monta um cavalo branco (as forças da matéria e o lado animal da personalidade, já purificados - por isso a cor branca - e colocados a serviço de desígnios elevados, segundo linhas espíritas de pensamento). Utiliza a lança e a espada (um símbolo do direcionamento da energia, na tradição de algumas matrizes africanas) e consegue vencer o dragão (as forças das trevas, segundo a tradição católica).

Jorge, ou melhor, Ogum, vem de Aruanda - termo banto que significa céu ou plano espiritual - para ajudar seus filhos.


Quer saber um pouco mais?



Bibliografia:

SCOTT, Benjamim. As catacumbas de Roma. Centro de Publicações Cristãs. Queluz, Portugal, s.d.

FIGUEIREDO, Fernando Antonio. Curso de Teologia Patrística. Vol. II. A vida da Igreja Cristã no III Século. Rio de Janeiro: VOZES, 1984.

BETTENSON, Henry. Documents of the Christian Church. 2a. ed. Oxford Press, 1963.

BAINTON, Roland H. La Iglesía de Nuestros Padres. Editorial a Aurora The Westminster Press, 1969.


Sites:


Decreto da ALERJ


Ogum e Jorge no sincretismo brasileiro

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Educação sexual - a questão da homoafetividade na educação




O sexo é definido biologicamente. Nascemos machos ou fêmeas, de acordo com a informação genética levada pelo espermatozoide ao óvulo. Já a sexualidade está relacionada às pessoas por quem nos sentimos atraídos. E o gênero está ligado a características atribuidas socialmente a cada sexo.

O que se sabe hoje em dia é que o dualismo heterossexual/homossexual não é capaz de abarcar as formas de desejo humanas. Os estudos sobre o tema dizem que a orientação sexual se distribui num amplo espectro entre esses dois pólos. Segundo estudos, é provável que a definição sexual se dê pela interação entre fatores biológicos (predisposição genética, níveis hormonais) e ambientais (experiências ao longo da vida). Mas não há certezas. O guia Sexual Orientation, Homossexuality and Bissexuality, da Associação Americana de Psicologia, resume: "Não foram feitas, por enquanto, descobertas conclusivas sobre a determinação da sexualidade por qualquer fator em particular. O tempo de emergência, reconhecimento e expressão da orientação sexual varia entre os indivíduos". 

É surpreendente notar como determinados comportamentos são mais aceitos em uma fase da história e reprimidos na seguinte. Os moradores da Grécia Antiga, por exemplo, se relacionavam com pessoas de ambos os sexos. Já na Idade Média, comportamentos que se desviassem da norma socialmente definida eram punidos com a fogueira. Hoje, não há mais chamas, mas o sofrimento assume a forma de piadas, humilhações, agressões físicas e psicológicas, exclusão. Por que ainda agimos assim? Como se construiu uma sociedade que se choca e entra em pânico ao ver um menino se vestindo de menina ou vice-versa?

A resposta está no conceito de gênero. Ele diz respeito ao que se atribui como características típicas dos sexos masculino e feminino. 


Por exemplo: Meninas precisam sentar-se de pernas fechadas, meninos podem abri-las. Meninos não podem chorar, meninas são mais sensíveis. Meninos gostam de azul, meninas preferem o rosa. Enfim, uma série de aspectos que, com o tempo, ganham força e se convertem em regras. Tudo isso são padrões ensinados.

Diversas instâncias atuam para que essas normas sejam transmitidas dos mais velhos aos mais jovens: a família, os grupos de amigos, as religiões - e, claro, as escolas. No caso do gênero, a associação com elementos preexistentes, como tradições culturais, preceitos religiosos e costumes familiares, vai definindo quais elementos pertencem ao universo masculino ou ao feminino. Por exemplo: ao provar do fruto proibido e convencer Adão a também comê-lo, Eva teria mostrado o lado irracional e sentimental da mulher. Por isso, sedimentou-se a ideia de que ela deveria estar submissa ao homem - naturalmente, um ser racional e cerebral, como explica a pesquisadora Clarisse Ismério no artigo Construções e Representações do Universo Feminino (1920-1945). Mais exemplos: a associação de carros e motos como "coisa de macho" foi herdada da ideia vigente até o início do século 20 de que o espaço público deveria ser ocupado pelos homens, enquanto as mulheres deveriam se dedicar à vida doméstica, como faziam suas mães. Já a atribuição das cores rosa e azul, respectivamente, a meninas e meninos... Bem, essa aí parece não ter justificativa. Nenhuma surpresa: a investigação sócio-histórica revela que na gênese de muitos hábitos, costumes e regras impera a mais pura arbitrariedade.

Tudo isso se complica em razão de outra característica da mentalidade moderna: a tendência de pensar por oposições. Segundo o filósofo francês Jacques Derrida (1930-2004), a lógica ocidental opera por meio de binarismos: feio/belo, puro/impuro, espírito/corpo etc. Um conceito maniqueísta.


A filosofia proposta pelo persa Mani, no século III da era cristã, sincretizava idéias do zoroastrismo, hinduismo, budismo, judaismo e, claro, do récem formada religião do estado romano, o catoliscismo. Um dos pais da igreja cristã, Agostotinho de Hipona, abraçou essa filosofia e com isso deimitou o caminho que muitas religiões oriundas do cristianismo seguiriam.     


Com isso a sociedade ocidental moderna cresceu e floresceu dualista, um termo é sempre considerado superior, e o oposto seu subordinado. Assim, o homem heterossexual conquistou o lugar de maior prestígio na sociedade. Um degrau abaixo, a mulher. E na penumbra, os que não se encaixam no esquema binário: lésbicas, bissexuais, travestis, homofetivos em geral...


Até meados do século 20, esse discurso circulou quase sem contestações. A partir dos anos 1950, movimentos feministas, guiados pelos estudos da filósofa francesa Simone de Beauvoir (1908-1986), engrossados na década seguinte pelos hippies e outros levantes da contracultura, começaram a colocar em xeque os papéis atribuídos às mulheres na sociedade, no trabalho e na família. Seguiram-se a eles as lutas pelos direitos de homens homoafetivos (sim, esse é um termo acadêmico existente), lésbicas, travestis, transexuais e assim por diante entre 1970 e os anos 2000. Atualmente, correntes contestatórias ampliam as possibilidades identitárias, defendendo que há muitos jeitos de ser homem e mulher.

Você deve estar se perguntando: onde a escola entra nessa discussão? Pois bem...


Para que a escola respeite a diversidade, as formações de professores precisam abordar o assunto. É o melhor caminho para disseminar o que as pesquisas já descobriram sobre a construção dos gêneros e sua relação com o sexo e a sexualidade. Mas as iniciativas sofrem forte resistência. O caso mais notório aconteceu em 2011. Como parte do programa Brasil sem Homofobia, especialistas produziram para o governo federal cadernos com conteúdo pedagógico que colocavam o tema em discussão.


A intenção era que o material fosse distribuído a escolas de todo o país. Antes da impressão, entretanto, congressistas ligados a entidades religiosas se opuseram ao projeto. Apelidado de "kit gay", o conteúdo foi acusado de estimular "a promiscuidade e o homossexualismo" - termo em desuso por remeter a doença (hoje, fala-se em homossexualidade). A União cedeu às pressões e vetou a circulação dos cadernos. Oficialmente, não há perspectivas para que esse material saia do armário.


Leia o material no link abixo e tire suas conclusões:


Kit Gay - material vetado pelo governo federal


Eu, pessoalmente, tenho um posicionamento com relação a homoafetividade e suas ramificações, mas, independente dela, é inegável o fato que precisamos debater a questão dentro do universo da educação.


Um dia, Marlene Dietrich decidiu sair publicamente usando calças, a sociedade da época a atacou... Isso foi feito em 1920, após 95 anos, as mulheres continuam sendo mulheres... e usando calças. 


Acredito que estamos diante de um novo impasse, e não me considerem um militante pró-gay, não o sou, mas sou,  e sempre serei, um militante pró-respeito e diversidade. 


Observe o quadro abaixo:   






Essa é uma realidade, independente do seu posicionamento com relação a homoafeitividade a questão é que ela existe, tão real quanto a heteroafetividade, é precisa ser debatida no ambiente educacional tanto quanto a última.