Rodrigo Matias: A Bastilha brasileira

A "BASTILHA" NOSSA DE CADA DIA*

Arthur Schopenhauer afirma que a vida se materializa em um pêndulo, em que de um lado possuímos o sofrimento e do outro o tédio, sofrimento por querer ter algo que não temos e tédio por finalmente conseguir aquilo que queremos e então nos sentir vazios.

Que uma coisa fique clara, as manifestações de vandalismo contra os três poderes da República no dia de ontem (08/01/2023) são REPROVÁVEIS, disso não se tenha dúvida!

Inclusive é prevista na Constituição Federal a punição devida a esse tipo de manifestação que extrapola os limites da liberdade de manifestação contra governos eleitos, ainda que você possa concordar ou discordar do processo eleitoral.

Quem conseguir compreender e interpretar o que foi a Queda da Bastilha em Paris no ano de 1789, que desencadeou a Revolução Francesa, sem dar vozes à elucubrações de viés político e ideológico nos tempos atuais (no Brasil!), esse, sim, há de ter uma boa interpretação do que vem ocorrendo no Brasil há quase 10 anos, em matéria de manifestações contra governos auto-protetores e instituições autocráticas, que imprimiram no coração de um povo cansado de ser ridicularizado a atitude de dizer "Chega! Custe o que custar!" contra essas mesmas instituições. A democracia anda muito frágil nos últimos anos…

Aliás, o próprio conceito de democracia já foi alterado e pervertido há décadas, tornando-se o molho da refeições políticas conforme o paladar de partidos que se dizem democráticos para passar uma ideia falsa de liberdade e preocupação com os anseios mais profundos da população que sofre desmandos judiciários e piadas de mau gosto por parte daqueles que passam a vida fazendo o diabo para se manterem no poder e continuar explorando um povo cansado de ser iludido e ridicularizado, em plena luz do dia.

Para além de interpretações ideológicas sobre a Revolução Francesa, o Brasil está vivendo o seu momento de "Queda da Bastilha", que, na ala revolucionária canhota, tem não só total aval, como até mesmo data comemorativa.

Mas quando entra o "nós contra eles" nas organizações político-partidárias e todo o processo de reinvenção da língua e da cultura de uma nação, então, a depender de quem é que invade a nossa "Bastilha", o assassinato de reputações torna-se a pauta da vez.

O pior está por vir, amigos! E não é pessimismo, não! É a leitura do espírito do tempo pelo qual passa este nosso país.

Lamento profundamente e repudio toda e qualquer manifestação fanática por parte de grupos idólatras em relação a políticos.

Isto vale para a direita patriota, para a esquerda revolucionária, para a frente progressista e para a traseira reacionária.

Mas não se esqueçam, a partir da própria História, que um povo esgotado pelos abusos de seus governantes, representantes políticos e instituições há muito deformadas, não tem outra alternativa natural a não ser MOSTRAR a todos eles quem é que manda de fato no país.

Lembra da ideia do pêndulo de Arthur Schopenhauer no início do texto? Pois então, Vladimir Ilyich Ulianov, mais conhecido pelo pseudônimo Lênin, um revolucionário comunista defendia um conceito de que quanto maior uma força opressora exercida sobre o povo vai ter uma resposta equivalente deste. Lênin acreditava que sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário e que “o partido é a mente, a honra e a consciência da nossa época”. Vejo que esse é o problema de antigo em nossa contemporanidade. O lado destro e canhoto defendo personagens políticos, sendo o último com apelo maior a questão partidária.

Se todo poder emana DO POVO, então, saibam: nós somos DO POVO, nós somos os "Zés-Ninguéns".