Sim,
a nova desembargadora do estado do Rio de Janeiro é mulher, negra e seguidora
de religião de matriz afrodescendente.
Primeira
mulher negra a se tornar juíza do Tribunal de Justiça do Rio, há 20 anos, Ivone
Ferreira Caetano, de 69 anos, titular da 1ª Vara da Infância da Juventude e do
Idoso, agora acumula um novo aposto ao seu nome: o de primeira desembargadora
negra do estado. Nesta segunda-feira, 26 de maio de 2014, ela tomou posse na nova função numa
solenidade muito concorrida. Mesmo prestes a se aposentar, em setembro, quando
completará 70 anos, Ivone se tornou desembargadora com serenidade e foi
bastante aplaudida no plenário do Órgão Especial do TJ, onde, no início da
tarde, elegeu-se para o cargo após sete disputas nos últimos dois anos.
Vale a pena conferir a reportagem feita com ela:
Ao
contrário do que dizem, é sim relevante destacar o fato dela ser MULHER e NEGRA.
Só para se ter uma idéia, o cargo de desembargador, no Rio, já foi ocupado por dois magistrados negros. Em
1998, o TJ-RJ elegeu Gilberto Fernandes. Doze anos depois, o promotor de
Justiça Paulo Rangel do Nascimento foi o segundo negro a ocupar o cargo. Só para destacar, o TJ-RJ tem mais de dois séculos e meio de existência.
Em todo o país, há apenas uma mulher negra que chegou ao cargo de
desembargadora. Filha de vaqueiro com uma costureira, Luizlinda Valois Santos
foi nomeada na Bahia, em 2011. Isso, por si só, já mostra a importância da nomeação de Ivone, filha de uma lavadeira que criou, sozinha, 11 filhos.
Uma das poucas pesquisas sobre o perfil da
magistratura brasileira, feita pelo pesquisador Romeu Ferreira Emygdio, do
IBGE, demonstra que o Poder Judiciário de Brasil reflete a segregação étnica
que se repete em várias instituições. O estudo, com dados de 1980 a 2000,
revela que 85,9%, dos juízes togados declaram-se de cor branca, havendo 14,1%
não brancos. Apesar dos 14 anos de diferença, o pesquisador alerta que não há
grandes diferenças dos últimos 400 anos de história do Brasil.
O que acontece hoje não é só uma mudança, mas sim, ao meu ver, uma revolução...
Não falo somente da revolução feminista de 1968, marcada pela queima dos
sutiãs, mas da revolução silenciosa, prudente e paciente que se iniciou na 2ª
Guerra Mundial quando as mulheres viram seus homens partirem e ficaram nas
cidades ocupando com desenvoltura espaços que antes eram somente ocupados pelo
chamado"sexo forte'", lembre-se que na década de 50, do século passado, era difundida a ideia de que o trabalho deixava
a mulher menos feminina e que sua função era cuidar dos afazeres domésticos e
da família. Isso quando se fala da mulher em geral, o quadro é mais agravado quando se fala, específicamente, da mulher negra.
"Chegar ao ápice da carreira é maravilhoso para qualquer profissional. Da forma como eu cheguei foi muito difícil e muito duro mas, em qualquer situação, com autoestima, você consegue. Eu acho que eu sou um exemplo para aqueles que estão chegando, para eles verificarem que também podem", disse Ivone Ferreira Caetano.
Gosto de lembrar que a desembargadora não preciso de cotas raciais para chegar onde chegou. Entendo a necessidade das cotas, mas penso que elas mais segregam que agregam. E o atual sistema precisa de muitas melhorias para garantir acesso, mas também a permanência e desenvolvimento dos contemplados. Mas continuo afirmando, representatividade importa sim, ainda mais para os negros.
Parabéns desembargadora, minha esperança é que, no futuro, seu exemplo seja regra e não exceção.
"Chegar ao ápice da carreira é maravilhoso para qualquer profissional. Da forma como eu cheguei foi muito difícil e muito duro mas, em qualquer situação, com autoestima, você consegue. Eu acho que eu sou um exemplo para aqueles que estão chegando, para eles verificarem que também podem", disse Ivone Ferreira Caetano.
Gosto de lembrar que a desembargadora não preciso de cotas raciais para chegar onde chegou. Entendo a necessidade das cotas, mas penso que elas mais segregam que agregam. E o atual sistema precisa de muitas melhorias para garantir acesso, mas também a permanência e desenvolvimento dos contemplados. Mas continuo afirmando, representatividade importa sim, ainda mais para os negros.
Parabéns desembargadora, minha esperança é que, no futuro, seu exemplo seja regra e não exceção.
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