quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

*Vida e morte no Facebook


Muito de nossas vidas está online, em posts em blogs, tweets, atualizações do Facebook ou do Orkut. No dia a dia, esses pedaços de informações nos colocam em contato com nossos amigos. Lidos um atrás do outro, esses fragmentos contam quem somos: falam do nosso estado de espírito, dos nossos interesses, do que fazemos ou gostaríamos de fazer, de quem conhecemos. Eles, de certa forma, contam a história de nossas vidas.

Com essa ideia em mente, o artista Maxime Luère lançou um vídeo que fez sucesso há um tempinho no Facebook. É uma história fictícia, mas feliz.

Neste fim de semana, o Washington Post contou a história de uma vida real e triste usando o Facebook. O jornal reuniu posts de Shana Greatman Swers, uma consultora americana de 35 anos que tinha o hábito de dividir sua vida com seus amigos da rede social. Casada com Jeff há três anos, ela anunciou pelo Facebook a felicidade de ficar grávida, os desejos estranhos e a chegada da mãe para acompanhar o parto.

À alegria do nascimento de Isaac, seguem-se as preocupações com a saúde de Shana, que se traduzem em posts do Facebook:

“Desculpem que ela e Jeff não tenham conseguido manter todos atualizados dos eventos das últimas 48 horas – e que esta nota é muito impessoal, mas é a maneira mais rápida de dizer. ”

“Depois de um final de semana de muito muito que envolveu uma miocardiopatia pós-parto, dei a volta por cima e ficarei bem. Estou ainda na UTI, mas me sinto 100% melhor. Isaac é perfeito, e está em casa com Jeff e os avós. Esperamos todos estar juntos na quarta ou na quinta. Muito obrigada a todos vocês por todos os pensamentos e orações. Prometo que senti seu amor profundamente e apreciei”

“Descobri que não vou sair do hospital hoje. Presa aqui por pelo menos mais um dia. Não consigo me lembrar de estar desapontada desse jeito por um bom tempo. Só queria ir para casa com o precioso Isaac…”

Finalmente, Shana recebe alta e consegue curtir o filho recém-nascido:


“Felicidade é ver seu marido olhar com amor para o seu filho.”

E Jeff comentou: “Felicidade é ver sua mulher tão natural como mãe e amar seu filho mais do que tudo no mundo”.

A alegria, porém, durou até a próxima internação. E com os problemas piorando, Jeff pediu que, pelo Facebook, as pessoas ajudassem:

“Shana está passando por um momento difícil no hospital. Para alegrá-la, poste uma lembrança ou história engraçada que diga o quanto ela é importante para você. Eu vou começar com a história do nosso primeiro feriado de 4 de julho juntos. Disse que deveríamos comer ao ar livre, pensando que deveríamos fazer alguns cachorros-quentes. Shana tirou toda a sua coleção de talheres de plástico embrulhados em guardanapos com laço. Eu soube que ela era especial.”

A medida da preocupação dos amigos virtuais e reais aumentou quando Shana foi transferida para um hospital com mais recursos. E as orações se multiplicaram entre as mensagens para a jovem mãe.

Até que alguém da família, usando a conta de Shana, anunciou a data e o horário do velório. A reportagem do Washington Post revela que as pessoas que compareceram descobriram que só se conheciam porque tinham sido apresentadas por Shana. Que ela era sociável não só no mundo virtual, mas tinha criado vários laços no mundo real.

Mesmo assim, achei que um post em um blog seria uma boa homenagem a essa mulher que, até na UTI, preocupava-se com a preocupação dos outros, e só queria ter tido mais tempo para ver, nos olhos do marido, o amor que sentia pelo filho.

*Fonte: Revista Época - Blog Mulher

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